quarta-feira, 22 de setembro de 2010

LIBERDADE


Era uma vez uma menina que tinha como seu melhor amigo, um Pássaro Encantado. Ele era encantado por duas razões:
Primeiro porque ele não vivia em gaiolas. Vivia solto. Vinha quando queria. Vinha porque amava.
Segundo, porque sempre que voltava suas penas tinham cores diferentes, as cores dos lugares por onde tinha voado.
Certa vez voltou com penas imaculadamente brancas, e ele contou estórias de montanhas cobertas de neve. Outra vez suas penas estavam vermelhas, e ele contou estórias de desertos incendiados pelo sol. Era grande a felicidade quando estavam juntos. Mas sempre chegava o momento quando o pássaro dizia:
"Tenho de partir."
A menina chorava e implorava: "Por favor, não va, fico tão triste. Terei saudades e vou chorar..."
"Eu também terei saudades", dizia o pássaro. "Eu também vou chorar. Mas vou lhe contar um segredo: eu só sou encantado por causa da saudade que faz com que as minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for não haverá saudade. E eu deixarei de ser o Pássaro Encantado e você deixará de me amar."
E partia. A menina, sozinha, chorava. E foi numa noite de saudade que ela teve a idéia: "Se o Passaro não puder partir, ele ficará. Se ele ficar, seremos felizes para sempre. E para ele não partir basta que eu o prenda numa gaiola."
Assim aconteceu. A menina comprou uma gaiola de prata, a mais linda. Quando o pássaro voltou eles se abraçaram, ele contou estórias e adormeceu.
A menina, aproveitando-se do seu sono, engaiolou-o. Quando o pássaro acordou ele deu um grito de dor.
"Ah! Menina...que é isso que você fez? Quebrou-se o encanto. Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das estórias. Sem a saudade o amor irá embora..."
A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar.
Mas não foi isso que aconteceu. Caíram suas plumas e o penacho. Os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste. E veio o silêncio: deixou de cantar. Também a menina se entristeceu.
Não era aquele o pássaro que ela amava. E de noite chorava pensando naquilo que havia feito com seu amigo...
Até que não mais agüentou. Abriu a porta da gaiola. "Pode ir, Pássaro", ela disse." Volte quando você quiser..."
"Obrigado, menina", disse o Pássaro." Irei e voltarei quando ficar encantado de novo. E você sabe: ficarei encantado de novo quando a saudade voltar dentro de mim e dentro de você!



RUBEM ALVES


Liberdade é coisa séria...será?
Como algo pode ser sério e livre ao mesmo tempo?
O que é ser livre?
Alguém consegue ser livre nessa sociedade em que vivemos?

INDAGAÇÕES BÁSICAS DE MARA JEANNY

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Poisé.A liberdade é um sonho que todos nós temos.Mas no mundo de hoje fica difícil.A beleza da vida se esvaiu.Eu sinto que um dia terei a liberdade que tanto cobiço.Mas tudo em vão.Me sinto tão sozinho.Sei que sou novo.Mas eu só queria que as pessoas se lembrassem como é bom viver.Encontrar os amigos pra conversar, ao invés de só zoar.Já estou cansado da tamanha infantilidade dos adolescentes.Decidi esquecer tudo o que passei e amadurecer.Vou seguir meu sonho e tentar ser feliz sem precisar de alguém pra isso.Vou buscar minha liberdade e curti la ao máximo.Até eu decidir que nada mais vale a pena.
    Parabéns pelo blog sora.
    Abraço!

    ResponderExcluir
  3. Giavanni
    A vida é uma eterna busca...jamais deixe de buscar. Tudo vale a pena, mesmo quando o resultado não é aquele esperado por nós!

    ResponderExcluir