Sem vontade... Totalmente sem vontade! Lá vai ela, nem parece ser a mesma! Nem de longe lembra aquela menina brigona, cheia de razão! Arrastando Julia Maria pelo braço ela segue sem olhar para trás.
Jovem e sonhadora, em sua cabeceira a única testemunha contando a mais linda história de amor, seu diário.
Tudo conforme idealizara tempos atrás.
Tudo conforme idealizara tempos atrás.
Um dia sonhara estar sob a luz das estrelas, em uma casinha de sapê. Vidinha simples, sem luxos, mas cheia de amor!
O príncipe encantado em seu cavalo branco aparecera de um modo mais singelo, mas aparecera! E o que realmente importara até então era seu aparecimento.
Mas, na vida real nem sempre as belas histórias tem belos finais. De repente nem o sonho da casinha de sapê existia mais. No desespero abrira mão dele. Poderia ser em qualquer lugar, na rua, na chuva, embaixo de uma ponte. O que importava mesmo era estar perto. Nada ao redor importava... Mas, isso ainda não bastou. E aos poucos entendeu que nada adiantaria, era tarde demais. Os sonhos, a realidade conseguiu destruir.
A vida seguiu e novos sonhos nasceram. E a pequena deixou de ser pequena e os sonhos de serem sonhos. A vida a preparara para ser uma grande mulher. E daqueles momentos sonhados restaram apenas doces lembranças.
Anos, semanas, dia após dia se passaram e a menina-mulher retornou forte, decidida, lutadora. Na mesma estrada outras mulheres apareceram e a sua história que parecia tão única tornou-se mais comum que café com leite. Esse sentimento de comum unidade consolidou a muralha que traçara em sua trajetória para que as fortes feras do campo não a atingissem mais.
Mas, aquele dia não havia sido escrito por ela. Pela manhã já se sentiu diferente. Não tinha forças para levantar-se. As horas foram passando e a introspecção aumentando. Decidira abandonar-se àquelas histórias íntimas e pessoais. O mundo ao redor parecia não fazer sentido. Nem se importava com rótulos de terceiros. Aquele era seu momento e não o partilharia com ninguém. Explicações simplificariam algo tão grandioso. E assim despediu-se da realidade por algumas/tantas horas. Ao despertar-se para a vida se viu apenas com Maria Julia, a boneca de pano e foi nela que a “Pequena Grande Mulher” depositou todas as lembranças e reuniu todas as forças para voltar à vida. E assim pouco a pouco seguiu caminhando...
Sem vontade... Totalmente sem vontade! Lá vai ela, nem parece ser a mesma! Nem de longe lembra aquela menina brigona, cheia de razão! Arrastando Julia Maria pelo braço ela segue sem olhar para trás.